Minha história com o KDE se confunde com minha história com o Linux. A primeira vez que vi um computador com uma distribuição Linux instalada foi há não muito tempo. Em 2005, havia acabado de ingressar no curso de ciência da computação na UFPI, e no laboratório haviam máquinas com um sistema operacional baseado no Debian criado por estudantes do curso: o Kuia Linux. O ‘K’ já dizia tudo – era um sistema com KDE.
Fiquei impressionado em como aquele sistema era bonito, moderno, atraente… e como era diferente de tudo o que já havia visto.
O tempo foi passando e fui me familiarizando com o Linux, fui aprendendo, acertando e errando, como todo bom iniciante em qualquer área. No ano seguinte, 2006, compramos o primeiro computador para nossa casa. Adquirimos a máquina sem sistema operacional. Em casa, instalei o Kurumin, uma das queridas distros brasileiras, e que foi um verdadeiro marco para toda uma geração de usuários Linux. Tenho por ela um verdadeiro carinho.
Foi usando o Kurumin que percebi que, claro, o Linux era algo que me chamava a atenção, mas o grande responsável por esse sentimento em mim era o KDE.
O tempo foi passando, por um motivo ou outro ia mudando de distribuição, mas o KDE continuava lá, firme e forte. As vezes flertava com outros ambientes desktop, mas logo em seguida voltava para o KDE: só ele conseguia mexer comigo.
2009 foi o ano decisivo para que eu começasse a participar ativamente da comunidade KDE. Levamos o Sandro Andrade para dar uma palestra em Teresina sobre o Google Summer of Code e o KDE. Era um ano em que a comunidade brasileira estava se rearticulando, haviam muitos grupos surgindo no país e o número de desenvolvedores estava crescendo.
Foi aí que, timidamente, comecei a estudar as bibliotecas e o código de alguns softwares do KDE. Ainda muito perdido, tateando aqui e ali aquela massa enorme de informação sobre kdelibs, módulos, tecnologias relacionadas, Qt, e muito mais.
Com o passar do tempo fui me achegando aos softwares educativos, o KDEedu, com interesse especial pelos softwares matemáticos. Foi uma maravilha, porque na minha vida acadêmica na computação eu sempre lidei mais com a parte de otimização do que com engenharia de software.
Hoje, já passados alguns anos, tenho já algumas contribuições [1] [2] de código para o KDE. Estou na trilha para me tornar, cada vez mais, um bom desenvolvedor para a comunidade – e sei que ainda terei que comer muito feijão para isso. Viajo o Brasil fazendo palestras e apresentações sobre o KDE. Me relaciono com pessoas do mundo todo, que empregam seus conhecimentos e energias para construir uma excelente alternativa de ambiente computacional, que segue os princípios do software livre, e que por isso consegue tornar o slogan do movimento hacker californiano o mais real possível: computer to the people!
Então, só tenho mesmo a agradecer a esta vibrante comunidade por tudo o que vocês fazem. Ao Matthias Ettrich, pelo e-mail 15 anos atrás convidando desenvolvedores para fazerem parte do Kool Desktop Enviroment; à todos os programadores que responderam a este chamado, em qualquer tempo destes últimos 15 anos; aos sysadmins, que mantém a estrutura para os quase 3.000 desenvolvedores do KDE trabalharem e se comunicarem; aos designers, que tornam o KDE um ambientes belo e agradável; aos tradutores, que mantém o KDE disponível para mais de 65 idiomas; aos expansionistas, que estão levando o KDE para o BSD, Haiku, Windows, Mac, netbooks, celulares, tablets; ao pessoal não técnico, que fazem trabalhos fenomenais; e também aos empacotadores das diversas distros, que preparam aquele KDE com o qual milhões de usuários irão interagir e, talvez, nem se deem conta que o que eles estão mexendo ali é o KDE, e não “a distribuição Linux”. 😀
Feliz 15 anos, KDE! Sou muito feliz por fazer parte da família!
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