Frente a estes números expressivos, temos uma máquina com objetivos não menos audaciosos: colidir partículas sub-atômicas em condições muito semelhantes àquelas do espaço etéreo, ou seja, a uma temperatura próxima ao zero absoluto (-273° C, para quem faltou as aulas) em uma velocidade próxima a da luz. A idéia é de, literalmente, simular o Big Bang cósmico em um laboratório, para quê, sob o júdice do Método Científico, os cientistas possam avaliar os resultados, observar o desencadeamento das consequências e comprovar/refutar/criar teorias.
Passando longe do discurso sobre o fim do mundo e suicídios, o que mais impressiona na experiência do LHC é como o desenvolvimento da técnica humana, em diferentes linhas, se reúnem na construção desse artefato e permitem a reprodução de efeitos cósmicos por “mãos” mortais.
A engenharia empregada para a construção do artefato, somado às teorias físicas que permitem a manipulação dos objetos de estudo, do sistema informacional necessário para as análises, todos estes baseados no desenvolvimento matemático, emprestam aos cientistas participantes e, de certa forma, a humanidade em geral, uma aura mítica de potência, de força. O homem hoje ensaia o acontecimento-estopim para a criação do universo. Teremos um microcosmo dentro do laboratório. A criação de um universo assistida através dos pulsos ópticos que percorrem as fibras da internet.
Que divagações filosóficas teremos agora, com nossos cientistas manipuladores de partículas sub-atômicas ensaiando o momento primeiro do universo dentro da máquina?