O pesquisador roboticista Taylor Veltrop publicou recentemente um impressionante vídeo com os resultados de suas pesquisas no último ano. Trata-se de um experimento de telepresença, ou avatar, onde o pesquisador, a partir dos movimentos de seu próprio corpo, controla os movimentos de um robô.
Para desenvolver o protótipo que permitiu a realização do experimento, Taylor usou tecnologias conhecidas da área de robótica e realidade virtual, como o meta-sistema operacional ROS, um robô NAO (conhecido no Brasil como Zariguim :D) e um visor HMD, junto com outras tecnologias mais comuns como Linux, um controle de Wii e o acessório de captação de movimentos do X-Box, Kinect.
No vídeo, o pesquisador utiliza todo esse aparato técnico para um objetivo extremamente fofo: escovar seu gato de estimação.
As potencialidades em termos práticos desta tecnologia são enormes. Imaginem que tarefas extremamente perigosas poderiam ser realizadas por robôs avatares, como as operações em usinas nucleares, manutenção de espaço naves ou mesmo exploração de lugares hoje impossíveis para nós seres humanos, como outros planetas.
Mas para além da importante e evidente utilidade prática, penso que há todo um campo estético/filosófico para pensarmos essa tecnologia. O fato de você, a partir do uso de uma série de aparelhos, “emergir” em um outro corpo é fantástico – é a capacidade de projetar seus sentidos em algo além do seu corpo físico.
Esta faceta da tecnologia no vídeo ainda é um tanto incipiente, mas existe. O uso do visor HMD transfere o sentido humano da visão para as câmeras do robô. Isso é um exemplo de que sua visão transcedeu, neste momento, os limites físicos do teu corpo.
Claro, isso não é lá novidade: as câmeras nos permitem enxergar algo que está além dos limites físicos que nossos olhos poderiam ver. Mas no caso do vídeo acima, há a possibilidade de interação com o ambiente em que seu avatar está, mas você não. Existem tecnologias que permitem isso também, mas são muito restritas a certos usos ou ambientes (telecirurgia, por exemplo); poucas tem um grau de liberdade tão levado quanto a que este experimento permite entrever.
Fico ainda mais intrigado quando algumas sensações captadas pelo avatar puderem ser transmitidas de volta ao homem que o controla. Ainda sobre o vídeo, Taylor não consegue sentir, de maneira tátil, o pente que o robô segura – ele não tem ideia da força que está empregando, não percebe a textura do cabo do pente, não é possível sentir se a cerda é macia ou dura. Se houver alguma vantagem e viabilidade em se implementar a sensação tátil, imaginem como poderia ser “sentir” o voo a partir de um robô com essa capacidade; ou ter a sensação de como é a textura do solo marciano.
Enfim, isso são assuntos bastante especulativos na prática, mas que suscitam interessantes ponderações de cunho filosófico (em especial os que trabalham a ideia do corpo numa pós-humanidade transumanista), de cunho artístico (alguns trabalhos em termos de intervenções e instalações de arte-tecnologia são fascinantes!) e fertilizam as criativas mentes que abordam esse tema na ficção científica.
Fonte do vídeo: ROS news
Opa, dê uma olhada no filme Sleep Dealers.
@semente, opa, já tá aqui no KTorrent! 😉 Li a premissa do filme, achei legal. Não conhecia.
Valeu a indicação!