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O Projeto Évora de Smart Grids

Alguns de vocês, caros leitores, devem saber que atualmente curso mestrado na área de engenharia elétrica. Um pouco diferente da minha área principal, que é ciência da computação.

Mas na verdade, apesar das claras especificidades da área, não foi uma mudança tão traumática. Como passei minha graduação inteira trabalhando na área de otimização, minha ida à engenharia elétrica acabou sendo natural – apenas estava partindo para um campo onde temos uma área repleta de problemas difíceis de serem tratados mas que, de outra forma, todos nós percebemos diuturnamente, a importância da área.

Afinal, na nossa moderna condição de vida, todos precisamos de energia elétrica disponível e de alta qualidade em nossos eletro-aparelhos.

Mas especificamente, o ramo que estou estudando é de uma beleza sem igual. Os smart grids são a promessa da próxima geração de sistemas elétricos de distribuição, onde a rede de energia será provida de uma camada de “inteligência”, permitindo que equipamentos conectados ao sistema tomem decisões automatizadas a partir da aferição do estado do mesmo.

O que isso significa, em termos práticos? Imagine que o consumidor poderá agora acompanhar o consumo da sua casa via internet. Legal? E a possibilidade de programar determinados equipamentos para serem ligados apenas quando a produção de energia está alta, que é quando o preço do kwh (kilowatt/hora) está mais barato?

Mas isso ainda é o de menos. Os smart grids propiciarão a gestão da geração elétrica distribuída. Digamos, você tem um painel fotovoltáico para capturar energia solar no teto de sua casa, e você consome esta energia. Bom né? Mas agora, digamos que você está produzindo mais energia do que consome. O que fazer? Simples: venda energia para a concessionária de distribuição!

Tudo isso parece futurista, mas acredite, ainda tem várias funcionalidades que nos lembrarão os bons filmes de ficção científica. Já pensou você plugar seu carro elétrico e carregá-lo na tomada? Agora, imagine um estacionamento de uma empresa repleto de carros elétricos. Este estacionamento é uma “pilha” em potencial, onde o sistema de distribuição poderá retirar um pouco da energia de cada carro em momentos de necessidade do sistema. Vejam só, estamos vendendo energia para a concessionária novamente!

Apesar de parecer fantasia, muitos países estão investindo bastante em pesquisa e desenvolvimento para a criação dessas “redes inteligentes”. E em alguns países já existem projetos pilotos em implantação, como no distrito de Évora, cidade portuguesa conhecida como “cidade-museu” beleza histórica de sua arquitetura típica dos tempos do Império Português.

A empresa EDP – Energia de Portugal mantém um site com detalhamentos do projeto de Évora,o que já está instalado, quais os próximos passos, e muitas outras informações.

Abaixo segue também uma apresentação do projeto em forma de slides. Perceba a retórica ambientalista contida lá. Não por acaso, os países que se utilizam de energia poluente estão apostando na tecnologia de smart grids como uma forma de frear suas emissões de gases poluentes e atingir uma maior eficiência energética:

Bem, hoje posso dizer que estou me apaixonando pela área e achando-a muito interessante e desafiadora. Minha dissertação está baseada nesta tecnologia, mais preocupado com as simulações computacionais do tema. Já coloquei aqui no blog minha apresentação do workshop da pós, em que falei rapidamente sobre o tema.

Vão se acostumando com a tag smart grids pois voltarei a falar sobre o assunto mais vezes! Mas claro, sem deixar de escrever sobre software livre, cultura livre e contravenções em geral… 🙂

Marcações:

3 comentários em “O Projeto Évora de Smart Grids”

  1. Excelente apresentação do conceito de Smart Grids, Filipe.

    Interessante e pioneira a iniciativa de Évora.

    E ainda tem gente que faz piada de português. 🙂

  2. Opa Hilton, valeu o comentário! Bem, e você falou sobre smart cities no último GNUteco em Campinas, não foi? Como foi lá?
    Grande abraço e bem-vindo ao blog! 😉

  3. Filipe, agradeço as boas vindas.

    Na verdade, estamos interessados também em um aspecto social: em cidades ditas inteligentes a população é capaz de pensar coletivamente seus problemas. Assim, além do lado tecnológico vale o social.

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