Dois meses atrás participei do sprint do KDE Edu em Berlim. Essa foi a primeira vez que participei de um sprint do KDE (pois é, sou contribuidor do KDE desde 2010 e nunca tinha ido a um sprint!) e por conta disso estava bastante animado com o que iria encontrar.
KDE Edu é um guarda-chuva específico para softwares educativos do KDE. O projeto tem um monte deles, e essa é a principal suíte de softwares educativos no mundo do software livre. Apesar disso, o KDE Edu tem recebido pouca atenção no quesito organização. Um exemplo são os próprios sprints: o último ocorreu há muitos anos atrás, o website do projeto está com alguns bugs, entre outros problemas.
Portanto, esse sprint não foi apenas uma oportunidade para trabalhos de desenvolvimento (o que se espera desse tipo de encontro), mas também um bom momento para muito trabalho na parte de organização do projeto.
Nesse aspecto, discutimos sobre o rebranding de alguns dos softwares mais relacionados com trabalho universitário do que com a “educação” em si, como o Cantor ou o Labplot. Há um desejo de se criar algo como um KDE Research/Science de forma a colocar todos esses softwares e outros como o Kile e KBibTex sob um mesmo guarda-chuva. Há uma discussão sobre esse tema em andamento.
Outro tópico também discutido foi um novo site, mais direcionado a ensinar como utilizar softwares do KDE no contexto educacional do que apenas apresentar uma lista de softwares. Acredito que precisamos implementar essa ideia até para termos uma entrada própria na página de produtos do KDE.
Em seguida, os desenvolvedores do sprint concordaram com a política de multi-sistemas operacionais para o KDE Edu. Softwares do KDE podem ser compilados e distribuídos para usuários de diferentes sistemas operacionais, não apenas Linux. Durante o sprint, alguns desenvolvedores trabalharam no desenvolvimento de instaladores para Windows, Mac OS, no port de aplicações para Android, e mesmo na criação de instaladores independentes para qualquer distribuição Linux usando flatpak.
Ainda relacionado aos trabalhos organizativos, criei uma regra para enviar e-mails para a lista de e-mails do KDE Edu para cada novo Differential Revision nos softwares do projeto no Phabricator. Desculpem devs, nossas caixas de e-mail estão cheias por minha culpa. 🙂
Já nos trabalhos relacionados a desenvolvimento, foquei-me em trabalhar pesado no Cantor. Primeiro, fiz alguns trabalhos de triagem de tarefas na workboard, fechando, abrindo, e colocando mais informações em algumas delas. Em seguida, revisei alguns trabalhos feitos por Rishabh Gupta, meu estudante durante o GSoC 2017. Ele portou o backend de Lua e R para QProcess, que estarão disponíveis logo mais.
Após isso trabalhei no port do backend de Python 3 para usar a API Python/C. Esse é um trabalho em andamento e espero finalizá-lo para lançamento com a versão 18.04.
E claro, além desse monte de trabalho nos divertimos com cervejas e comidas alemãs (e alguma comida americana, chinesa, árabe, e italiana também). Algo legal foi ter completado meus 31 anos no primeiro dia do sprint, portanto obrigado KDE por ter vindo à minha festa repleta de código-fonte, boas cervejas e pratos de comida com carne de porco. 🙂
Finalizando, é sempre um prazer encontrar outros gearheads como os amigos espanhóis Albert e Aleix, o único outro usuário Mageia que já encontrei pessoalmente em minha vida Timothée, meu aluno do GSoC Rishabh, meu camarada Sandro, e os novos amigos Sanjiban e David.
Obrigado KDE e.V por fornecer os recursos necessários para que o sprint acontecesse e valeu Endocode por sediar o evento.