Engraçado como o total desconhecimento e falta de tato com a tecnologia fazem com que nossos congressistas passem por momento assim, digamos, de ingenuidade embaraçante. O senador Azeredo, o mesmo da Lei de Controle da Internet, agora quer impedir uma série de práticas corriqueiras na web que podem fortalecer a campanha eleitoral dos candidatos – além de permitir o debate democrático livre entre os diversos atores na rede.
Essas restrições afetam, por exemplo, portais de notícia que estariam impedidos de veicular pesquisas eleitorais. Os jornalistas e blogueiros não poderiam “privilegiar” qualquer candidato – ou ele escreveria sobre todos, de forma imparcial (sic) ou estaria incorrendo em crime.
O que podemos intuir sobre estas medidas é a lógica da comunicação de massas (uma fonte, vários receptores, sem retorno) para a comunicação em pares da web (várias fontes, vários receptores, muitos retornos). O senador Azeredo entende a comunicação pela rede como a comunicação do rádio e/ou televisão, uma comunicação em que o espectador apenas assiste, impassivo, as informações que são lançadas pelos meios. A lógica da Internet é bastante diferente, é vibrante, todos com o mínimo de conhecimento podem, devem e estão livres participar, construir seu próprio conteúdo, criticar, informar – e sempre terão outros atores para responder aos artigos, duplicá-los, espalhar pela rede. A dinâmica é outra.
Tentando fugir da polêmica, vários senadores entre os quais o próprio Azeredo, relator do projeto, não apareceram na última quinta-feira para votar a proposta. Com o senado esvaziado, não houve votação.
Mas a rede nunca para, não tem final de semana, feriado ou algo que o valha. O adiamento da votação permitiu que os movimentos ciberativistas ligados a liberdade na Internet articulassem a campanha Mega Não pela Liberdade Eleitoral na Web, que conta inclusive com petição on-line, banner e mais.
A pressão pela liberdade na rede vai continuar e na próxima terça, durante a votação, as atenções dos cidadãos estarão voltadas para o senado.
Acostumem-se senhores políticos! A nova forma de articular os movimentos e fazer política descentralizada pela rede chegou! Quem não se adaptar, até o museu!