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Reduzindo a pilha

Sou fã de quadrinhos desde criança. As primeiras revistas que ganhei foram na primeira metade dos anos 90, alguns Mickeys, Mônicas, Trapalhões e X-Men. Em 98 comecei a comprar X-Men, Fabulosos X-Men e Wolverine, até os primeiros números da famigerada X-Men Premium. Sem dinheiro, enveredei pelos mangás e histórias fechadas.

Quando a Panini começa a publicar as histórias de super heróis, deu-se início ao lançamento de materiais clássicos que tanto quis ler na adolescência. Grandes sagas dos mutantes, histórias fechadas da DC, e o carro chefe: várias revistas do selo Vertigo. Sandman, Hellblazer, Transmetropolitan, Preacher… a lista era imensa e ainda hoje cresce.

Nessa época já estava no mestrado, me sustentando com uma bolsa de estudos. Morando numa cidade de baixo custo, dividindo contas com a namorada e levando uma vida de pouco luxo, tinha dinheiro para comprar esses materiais.

O resultado é que minha capacidade de comprar quadrinhos superou em muito minha capacidade de lê-los. Penso que dois grupos de motivos levaram a essa situação: a quantidade de material sempre crescente junto com promoções que reduziam consideravelmente os preços, por um lado, e minha atenção mais voltada para a pós, colaborações com software livre e tratar a leitura quase como um ritual, de outro.

Esse último, penso, é o que mais prejudicou meu ritmo de leitura para essas obras. Esse ano iniciei uma mudança nesse hábito (que deve ser mais uma mania, na verdade) após participar do curso de escrita fantástica com o Fábio Fernandes. Em um momento, ele falou sobre como está sempre lendo alguma coisa independente de onde estiver, carregando um livro debaixo do braço, até que começou a descrever uma amiga que para ler precisava estar num lugar sem barulho, com ar puro, fazendo frio, com um café passado, uma lareira acesa e coisas do tipo. Mais ou menos por aí.

Me vi nesse personagem, apesar de não chegar a tanto. Decidi que começaria a ler tudo o que tenho acumulado e evitaria comprar mais quadrinhos enquanto não terminasse esses (ou, pelo menos, que lê-se boa parte).

Por conta disso me deparo com situações curiosas e também um tanto constrangedoras. Na foto acima está o Sandman Edição Definitiva volume 3, ainda no plástico. Quando essa edição foi lançada? Em 2012.

Sim, já fazem 7 anos e nunca nem tirei da embalagem. Quem dera fosse a única: tenho a coleção completa de Preacher, 9 edições, TODAS no plástico. Tenho a coleção completa em inglês de Mobile Suite Gundam Wing: The Origin, 12 edições, só lidas as 2 primeiras. Promethea com 2 edições todas ainda emplastificadas. Entre outras.

Não quer dizer que não lia nada, entretanto. Transmetropolitan devorava assim que chegava (inclusive, é minha série de quadrinhos favorita). O mesmo com Planetary e outros títulos. Recentemente terminei de ler Sala Imaculada, muito boa.

Lição que fica? “Só compre aquilo que consegue ler”? Acho que não. Talvez, tente não transformar o hábito da leitura em um mega ritual. Assim está melhor.

Mas afinal, quem vai atrás de lições em um blog?

PS.: já me perguntaram porque não doo meus livros. Simplesmente, não consigo. Sei que vivemos em tempos onde Marie Kondo luta contra a acumulação e diz que só 30 livros em casa basta, mas ter uma biblioteca é um símbolo especial para mim e que gosto de cultivar. Faço as pazes com minha consciência classe-média dizendo que tudo bem pois não acumulo roupas, nem eletrônicos, minha conta de energia é baixa e não tenho carro próprio. Deve servir pra dar uma equilibrada.

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