O infelizmente do parágrafo acima diz respeito ao fato da gestão ter destruído vários documentos das atividades que remontam a história da entidade. Não só da nossa gestão, das anteriores também. Na verdade, esse grupo já faz isso nacionalmente: o que a UJS faz com a memória do movimento estudantil, através da UNE, é nada mais do que apagá-la e recontá-la escolhendo os protagonistas e as passagens que interessam ao seu programa ideológico. Que o diga o camarada Otávio Luiz Machado, que já faz essa denúncia a muito tempo.
Lembro que uma das passagens interessantes de nossa gestão foi um texto escrito pelo meu amigo Salathyel Costa, filósofo da vida real, não desses perdidos em academicidades abstratas demais. Era um ensaio sobre o Dia do Trabalhador, e como essa data acabou ganhando um significado diferente através do desenvolvimento capitalista.
Pois bem, nem tudo são traumas. Encontrei o texto vagando pela Internet, em sites de alguns sindicatos do país. Pelo jeito, o pessoal gostou mesmo dele. É a rede guardando resquícios da memória humana. Penso no futuro sobre uma nova categoria de trabalhadores, algo como “os arqueólogos do ciberespaço”, ou algo assim.
Colocar este ensaio em meu blog é homenagear este comparsa e, mais ainda, relembrar estes tempos de militância estudantil tão caros a mim.
Neste feriadão me pus por alguns momentos em frente a televisão. Vi a rainha dos baixinhos dizer que era dia trabalho. No intervalo comercial, o Comercial Carvalho ate tentou homenagear os trabalhadores mas também se referiu ao feriado como “Dia do Trabalho”. O telejornal, Piauí TV, em suas duas edições exibiu reportagem também se referindo a data como “Dia do Trabalho”. Para todos não terem duvidas sobre se deve comemorar ou lutar, ai vai um pouco da historia.
No dia 1 de maio de 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de centenas e milhares de pessoas. Nesse dia teve inicio uma greve geral nos EUA.
No dia 3 de maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a policia e com a morte de alguns protestantes. No dia seguinte, 4 de maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispensar os manifestantes, matando sete agentes. A policia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.
Três anos mais tarde, a 20 de junho de 1889, a segundo Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela policia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
A 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros paises. Portanto meus amigos, 1º de Maio é dia de luta de luto! Não podemos, não temos o que comemorar. Temos que continuar lutado por redução de carga horária.
O trabalhador hoje continua em situação de escravidão. Reflita comigo:o recomendado de repouso para o organismo e 8 horas. Acresce as 8 horas diárias de trabalho o tempo de preparo pra sair e deslocamento casa/trabalho e trabalho/casa, 2 horas. Quanto fica? É suficiente pra você conviver com sua família?
Autor – Salathyel Costa
E se você não sabe o que é UJS, siga o link da Uiquipédia!
É comparsa, a distorção é uma das estratégias do capitalismo visando justamente esvaziar alguns conceitos históricos. Vide os casos clássicos do jeans rasgado e do cabelo moicano, outrora simbolos de rompimento estético e enfrentamento politico, e que hoje são subproduto do consumismo e da moda. Sem falar das camisetas com o Che e com o “A” de Anarquia, que também são moda. Todo “tchubaruba” que se preze tem que ter ao menos uma.
Pingback: Maio, nosso Maio at Filipe Saraiva's blog