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Saques em Santa Catarina e o moralismo do Estado

Aproveitando que semana que vem teremos o I Encontro Libertário no Ceará, o post que escreverei hoje tentará lançar uma reflexão sobre a questão dos saques a supermercados que estão acontecendo em Santa Catarina e como se dá a reação do Estado diante dessa situação.

Não venho aqui para falar baseado em leis ou conceitos como o de propriedade, que deixam de ter sentido principalmente em situações extremas como a que vivem as pessoas vítimas das enchentes, mas para falar em humanidade e como o modelo econômico em que vivemos torna normal aceitarmos o aumento da força policial para, entre outras tarefas, coibir ações tidas como “vandalismo”.

Em matéria na UOL Notícias, do dia 26 de novembro:

“A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu nesta quarta-feira (26) em flagrante 20 pessoas por saque a um supermercado no município de Itajaí, um dos mais atingidos pelos recentes temporais no Vale do Itajaí.”

O grifo em negrito é meu. Bem, 20 pessoas sobreviventes de uma calamidade, certamente passando necessidades de todos os tipos, presas por saquear um supermercado. E o que elas levaram? Segue, da mesma fonte:

“De acordo com a corporação, os saqueadores carregavam gêneros alimentícios, bebidas, material de limpeza e higiene, além de dois aparelhos de TV de plasma, uma geladeira e utensílios domésticos.

Colocar o saque de alimentos, bebidas, material de limpeza e higiene, junto com aparelhos de TV’s e geladeiras, faz com que fiquemos propensos a não concordar com o ato destas pessoas. De fato, deveríamos antes lembrar do estado em que elas se encontram, e perceber que a necessidade foi conseguir subsídios para sobreviver. O motivo do ato, que chamaram saque, não foi levar eletroeletrônicos, mas sim conseguir comida!

Na mesma matéria, vemos que os comerciantes que não perderam tudo nas enchentes inflacionaram o preço dos alimentos:

“há relatos de comerciantes que aumentaram os preços de produtos como água, biscoito e pão em função das cheias.”

Ou seja, tudo conspira para que os saques aconteçam e continuem acontecendo. A necessidade do povo é mais forte, e não existe reação moralista do Estado que possa impedí-las. Em matéria da Folha Online:

“(…)O empresário relatou ainda que a polícia prendeu quatro homens que tentavam assaltar uma grande loja da região nesta quarta-feira (26). Ainda de acordo com ele, horas mais tarde os policiais foram vencidos pelo número de pessoas que invadiram o estabelecimento.”

Como pode uma cidade em estado de emergência, recebendo doações de comida e água de várias outras cidades e países, onde ainda existem estabelecimentos comerciais que guardam esses tão necessários mantimentos, as pessoas não podem utilizá-los? O que é preferível? Que elas morram de fome, doentes, desidratadas, e que os comerciantes mantenham seus estoques? Mas acreditem: a lógica desse modelo econômico em que vivemos se diz capaz de explicar essa falta de humanidade e bom-senso.

Gostaria de ver quando os esfomeados, desempregados e miseráveis dessa nação perceberem que também vivem em um estado de calamidade, e resolverem bater nas portas dos supermercados…

Contribua com as pessoas de Santa Catarina. Saiba Como.

2 comentários em “Saques em Santa Catarina e o moralismo do Estado”

  1. Belo post chegado.
    Mas tava observando…
    Tenta melhor a usabilidade do
    blog cara…
    Terminei de ler os posts
    e minha vista ta cansadíssima.

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