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Piauí: Computadores nas caixas, estudantes excluídos

Uma das primeiras coisas que faço a frente do computador é, após ligá-lo, executar o Firefox e abrir várias abas em sites de notícias. Um dos meus preferidos, BR-Linux, trazia em sua “capa” uma notícia que deixou-me triste: computadores comprados pelo governo para escolas do interior do Piauí estavam dentro das caixas havia quase um ano. Enquanto isso, os estudantes estavam sem aulas de informática.

A notícia, em verdade, havia sido produzida pela Globo, e está nesta página do seu portal de notícias, g1. O texto e o vídeo contam/mostram o descaso e a falta de preparo para a implementação importantes políticas públicas brasileiras.

Apesar das facilidades em se adquirir um computador hoje, conseguidas principalmente através do programa governamental Computador para Todos, uma grande parcela da população ainda trata as tecnologias de informação como algo que “se vê na televisão”. O uso de computadores está distante da realidade delas. Em muitos casos, até a alimentação mínima diária para alguém manter-se com saúde é algo distante para elas…

Na ânsia de apresentar à população políticas de inclusão digital, o governo comete trapalhadas constrangedoras. A aquisição desses computadores, o primeiro passo para se começar um processo de familiarização com a máquina e suas possibilidades, foi feito. Foram gastos R$ 6 milhões na compra de 4,2 mil computadores para as escolas.

Mas, e a fase seguinte? Por que não houve instalação dos computadores? Será que o governo acredita que a simples aquisição das máquinas é suficiente para garantir a educação em informática? Pois é, falhas estranhas.

Em algumas escolas, entretanto, os computadores conseguiram ser instalados, porém a imagem dos laboratórios continua sendo de desolação. Por que? Não existem instrutores para ensinar professores e alunos a manusearem os equipamentos.

Em uma região onde várias são as necessidades, seria prioridade além da compra e instalação, o treinamento do corpo das escolas afim de tornarem-se um grupo. As pessoas que o compunham aprenderiam unidos, superando os obstáculos do trabalho informacional e, futuramente, serviriam de agentes multiplicadores do conhecimento para a comunidade.

E agora? Será que, uma vez mais, dinheiro público foi gasto sem qualquer tipo de retorno? Não acredito. O gasto de 6 milhões tem uma serventia.

Estará estampado nas propagandas de investimento do governo, apontando que o mesmo gastou grandes somas de reais na inclusão digital da população carente. Seus vídeos apresentarão jovens em zonas rurais, montados em animais de carga, chegando a uma sala onde eles manusearão computadores modernos, com acesso à Internet e tudo mais. Com um sorriso feliz estampado no rosto.

Enquanto isso, os estudantes do Piauí vêem a política sem resultados corroendo seus equipamentos, ficando cada vez mais marginalizados do uso do computador e do acesso ao ciberespaço – entrando nessa nova “classe” surgida ao final do século XX: os “analfabetos digitais”.

As trapalhadas nas políticas de inclusão digital também podem ser vistas no programa Computador para Todos: a promoção do uso de Software Livre sem qualquer tipo de assistência, seja ela técnica ou educacional. Dêem uma procurada nessas notícias.

2 comentários em “Piauí: Computadores nas caixas, estudantes excluídos”

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