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Eleições 2018: Minha carta para a família

Família, essa é minha última manifestação política aqui no grupo antes do resultado.

Vocês me conhecem, sou professor de ciência da computação na UFPA, sou um dos responsáveis pela formação dos próximos engenheiros de software e matemáticos computacionais da nossa região. Oriento alunos na graduação, no mestrado e também no doutorado, mesmo com todas as dificuldades. Se isso não é patriotismo, não sei o que mais pode ser.

Votei em Ciro no 1º turno e agora estou indo de Haddad. Tenho muitas críticas ao PT, apesar do perfil do Haddad ser completamente diferente dos cardeais que o partido já teve. Professor da USP, advogado, filósofo, economista – Haddad reúne muitas qualidades e qualificações. Está pelo menos no mesmo nível que FHC, o “príncipe da sociologia”. Para um país que adora dizer que apoia a educação, não haveria candidato melhor a se votar.

Mas para mim a disputa desse 2º turno se dá em outro nível. O oponente de Haddad surfa na onda antipetista mas sem apresentar projetos que queiram minimamente reduzir a desigualdade no nosso país (para mim, a principal chaga do Brasil), não se permitiu a ir a debates e as entrevistas que deu foram todas em ambiente controlado, com perguntas selecionadas. É ridículo ver um candidato cujos seus apoiadores vivem a espalhar mentiras nas redes sociais. Uma candidatura pautada na mentira, que esconde a que veio. Não é possível que iremos dar a presidência da república para um sujeito assim.

Não fosse só isso, Bolsonaro é apoiador da tortura, da ditadura. Não há nada mais anticristão que isso. Já falou mal das mulheres, dos negros, dos pobres, dos nordestinos. Na nossa família, as mulheres tem papel fundamental, nuclear – toda nossa família gira em torno das mulheres. Um exemplo: sempre nos referimos a “casa da vó” quando falamos da casa da vó Raimunda; nunca a “casa do vô”. Não entendo como possamos apoiar um candidato que é declaradamente contra as mulheres.

Nesse sentido, a disputa não se configura como uma escolha entre projetos democráticos para o país. Não é um Haddad vs Alckmin, ou Ciro, ou Marina. Trata-se de uma disputa real pela democracia em si, pelas instituições, contra a intolerância, a desfaçatez, a falta de um projeto. Bolsonaro e seu séquito já disseram que vão fechar o STF; já disseram que os opositores poderão escolher entre a prisão ou o exílio. Não é possível que vejamos esse tipo de declaração sem arrepio.

Isso já ficou claro inclusive para os grandes algozes que o PT teve nos últimos anos. Joaquim Barbosa, Rodrigo Janot, Deltan Dallagnol, todos eles declarados antipetistas estão votando no PT porque entendem que o partido fortaleceu as estruturas de investigação: prova disso é que as investigações ocorreram enquanto o partido estava no poder e suas principais lideranças do passado, hoje estão presas. Com o PT é garantido que as instituições funcionaram. Não dá para comparar com o FHC ou com a ditadura – nenhum deles foi investigado como o PT foi, na ditadura não havia liberdade de imprensa para que o governo fosse escrutinado diariamente. Bolsonaro já avisou que não irá selecionar o procurador da república respeitando o mais votado na lista tríplice, algo que o PT fez. E o que esperar de um candidato autoritário que só deu entrevista chapa branca? Que está rodeado de generais que não aceitam o contraditório? O fato de muitos antipetistas votarem no PT é apenas a constatação de que a alternativa em análise vai piorar o nosso país.

Essa eleição se trata de escolher entre a democracia e o autoritarismo. Bolsonaro é muito mais próximo da Venezuela, um governo dirigido por militares, do que o PT jamais foi.

Portanto família, compartilho essas palavras pois foram as reflexões que fiz e encaminharam meu voto em Haddad 13. Vamos lembrar que a eleição acontece em 1 dia, mas as consequências desse dia cairão sobre nós pelo menos pelos próximos 4 anos. E na democracia, nos governos civis, a oposição é bem-vinda e acontece. O mesmo não existe nos governos autoritários.

Boa eleição para tod@s.

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